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Um dia Especial

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Hoje foi um dia daqueles... Dias que ficam cinzelados no tempo, Qual chama fria e extinta que continua a encandear. Foi a celebração dos 100º aniversário do Instituto dos Pupilos do Exército (IPE). Minha casa durante tanto tempo. Momentos inesquecíveis que me fizeram escrever. Rostos conhecidos que me fizeram recordar. Palavras esquecidas no âmago do ser. Mas sempre aquele reencontro Aquele afago, De quem tanto partilhou E de quem tanto viveu Após a cerimónia dei comigo a rabiscar: Momentos de vida, Momentos de prazer, Que me acalentam a alma, E o jeito de ser. Num emaranhado em surdina Fecundamos o nós Sempre reflexo de vós Mas também do ter. Ai de mim, que aqui ando, Ando e ando, sem temer Mas sentindo sempre aquele Aquele subtil perecer Não sei o que somos Nem para onde vamos Apenas sinto o despojar De um jarro sem ramos Da honra e de glória Todos somos feitos É só uma questão de recordar  "Todos somos feitos" Mas do orgulho e da g

A voz e a vida

Ouvi dizer... Ouvi dizer coisas, Que mereciam estar esculpidas na pedra Deviam ser lidas, relidas e estudadas Mas que ninguém quis ouvir, porque foram ditas Com uma voz aguda e cortante Ouvi dizer coisas, Que poderiam ir directas para o lixo, Apenas fruto da imaginação e do ego Mas que todos querem ouvir, mais um pouco Porque foram ditas com uma voz grave e reverberante A ti, que cuja voz tens mais grave, toma cuidado Para que a confiança que tens desde pequeno, por muitos te quererem escutar Não te gere a arrogância de puderes julgar tudo e todos Numa auto-confiança desmesurada, que te atravanca o crescimento E a ti, que cuja voz tens mais aguda, trata De fazer mais pausas entre as palavras Proporcionais ao quanto agudo fales, Para que possas transmitir o que pretendes Sem ser penalizado por um timbre Que ao magoar o ouvido Impossibilita a tua voz

O Mundo e Eu

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Quando era criança, pensava que eu era o centro do mundo. Era como se girasse tudo à minha volta. Mais tarde, na adolescência, percebi que era somente uma pequeníssima parte desse mundo, como um pequeno grão isolado numa praia imensa. Hoje, sinto-me de volta às origens. Não da mesma forma. Aprendi que o mundo e a percepção do mundo são a mesma coisa. E se sou eu, quem gera a percepção, então eu crio o meu mundo... e assim voltei para o centro. Espero que a minha percepção vá evoluindo. Até lá regozijo-me no filme "A vida é bela", talvez o meu favorito, que exemplifica tão bem esta realidade.

Tomar uma decisão!

As decisões que a vida nos coloca sempre acarretam uma grande imprevisibilidade. Não fossemos nós mortais... e andarmos na influência do ciclo da vida. Um novo trabalho, a mesma relação, outro carro, a família de sempre, o caminho do trabalho para casa ou qualquer outra façanha. Em boa verdade, decidimos numa mistura de emoções, experiência pessoal acumulada, projecções futuras, medos e desejos e conjecturas mentais. O problema é: na salada russa anterior, perdemos a perspectiva e a relatividade. E paradoxalmente acabamos a dar demasiada importância a coisas que no fundo não nos dizem nada e uma miséria a coisas que são uma parte fundamental. Qual é a melhor decisão? Nem sempre a decisão consensual é a melhor decisão,  nem sempre a decisão lógica é a melhor decisão. Mas melhor em relação a quê? Caímos na falácia que está num dos posts abaixo. Comparar revela ignorância e discriminação. Não sabemos.... apenas decidimos e a partir daí..."seja o que deus quiser", ou te

A minha terra...

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É a primeira hora da manhã. A luz ainda se espreguiça terminando uma noite longa, fria e estrelada. O meu olhar abre-se e foca as primeiras imagens, no caso, o tecto com ripas de madeira à moda antiga. Estou numa longínqua e remota aldeia transmontana, a minha terra... Aqui o silêncio é ensurdecedor, apenas adornado pelo discreto som do vento a roçar nas folhas, como que a imitar o mar, e interrompido pelo som melodioso, ritmado e afável do sino da igreja matriz. Ah o sino! Nada me faz sentir mais em casa do que o som daquele sino! Ao mesmo tempo reporta-me para o passado de outros tempos, onde o religioso era dono e senhor da vida dos humildes aldeões destas terras. O sino era o  maior instrumento do poder.  Ditava as horas, numa época em que praticamente não havia relógios*. Indicava a altura para se reunirem para as tradicionais missas e depois o início formal das mesmas. E aclamava para a reunião do povo, quer para informar da morte de algum vizinho, quer para a união de esforços

O que seria de mim, sem ti!

No domingo tive o privilégio de estar num curso de escrita com a Raquel Ochoa, na "Escrever Escrever" Foi extraordinário! Como primeiro exercício de escrita, saiu o seguinte texto: O que seria de mim, sem ti! Exclamou outra vez, ecoando no interior do seu próprio corpo. O que seria de mim, sem ti! Mergulhado em pensamentos e reflexão, estava este velho de cabelo louro-acastanhado, com tons negros e ruivos. A pele morena e clara do rosto, não esconde algumas expressões de experiências duras de vida, como os sulcos da terra lavrada. O nome dele pode ser qualquer um, mas chamemos-lhe Ti. Ti vive no agora e no presente, e sempre foi assim, sempre viveu, em todas as épocas e lugares. Tanto vestiu roupa de ardina, como de aristocrata, de Rei e de Rainha, de mendigo e de benfeitor. Mas a sua inquietação, essa sempre foi a mesma. O que seria de Ti, sem mim! Beijos e Abraços

Eu cá sou bom...

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Há uma música dos Xutos chamada, "sou bom..." E é dessa forma que muitas vezes as pessoas se propõem exprimir-se, manifestar-se. Querem ser boas, não interessa o quê, nem no quê, querem ser boas, simplesmente. Mas pensemos, bom, em que medida? Em que escala? Apenas consigo ser bom, comparativamente a algo ou alguém menos bom. Então na realidade, este posicionamento é meramente uma auto-afirmação, provavelmente causada por baixa auto-estima. Por outro lado, comparar alguma coisa ou algo revela-se uma falácia, porque cada coisa ou pessoa tem idiossincrasias diferentes, timings de vida diferentes, empatias distintas que o posicionam de forma diferente na sociedade, história familiar, contextos variados, perspectivas e milhares de pequenos e importantes detalhes. A comparação, em justiça, não é possível. Comparar revela ignorância e discriminação. Seria melhor posicionarmo-nos em fazer um bom trabalho, porque o bom trabalho está mais ligado à nossa prestação em sociedade