Mundo vegetal e as emoções

As plantas têm emoções
São duas questões.

1 - Sempre temos de ter cuidado com os rótulos.
O que é uma emoção? O que é um sentimento?

O state of art das neurociências define emoção como um conjunto de reações corporais automáticas diante de certos estímulos.
Já os sentimentos nascem quando tomamos consciência dessas emoções (António Damásio).

No processo de formação e evolução das emoções, no caso do Homem desde o recém-nascido até ao pré-adulto, temos três fases. Um primeira fase onde o ser apenas reage com hipertonia ou hipotonia face aos estímulos. Este será, provavelmente o nível que vemos no video, no nível evolutivo da maior parte do reino vegetal, e dos recém-nascidos de outras espécies, inclusive a nossa.
Um segundo nível, chamada fase sensível-afectiva onde o ser distingue entre o que é agradável do que é desagradável. Neste nível provavelmente entrarão todos os seres do reino animal.
E mais tarde quando já existe consciência para tanto, a distinção entre emoções que partilho com os outros e as que não quero partilhar.

As emoções como ira, alegria, tristeza, asco, desprezo, medo, etc, processam-se ao nível do sistema límbico no cérebro. Exigem portanto que aquele ser tenha já desenvolvido um sistema nervoso mais complexo e tenha um cérebro límbico e antes dele um reptiliano. São três cérebros, primeiro desenvolve-se o reptiliano, depois o límbico e finalmente o cortical (cortex). A natureza apresenta-se sob múltiplos níveis evolutivos. Se considerar-mos aquela definição de emoção que está muito de acordo com a nossa visão Sámkhya (naturalista) as plantas têm a sua quota parte de emoções, só que num sistema muito pouco desenvolvido, muito primário. Não serão emoções de prazer ou desprazer, de alegria ou tristeza, mas reações de hipertonia ou hipotonia em reação aos estímulos e visando sempre a sobrevivência.

2 - Relativamente à questão que colocas no post, ela põe-se ao contrário.
Desde que um ser é concebido ele vai competir e lutar pelo seu quinhão de energia para sobreviver. E vai retirar essa energia à natureza (universo). Seja na forma de ar, do qual dependemos a cada minuto, seja forma de matéria, que precisamos transformar (matar) para poder manter a nossa próxima vida.
É importante termos essa consciência. É a realidade da vida. A natureza alimenta-se da própria natureza.
Para o Homo de Neanderthal e até para o Sapiens Emoticon wink não importa a forma como ele consegue essa energia, tal como não importava quantas vezes tomava banho por ano, nem se matava ou escravizava outros seres rivais da mesma espécie por mera competição. A vida é assim. Os cães matam os outros cães se estes passam perto do seu território. As galinhas matam os pintainhos das outras...e assim vai...
Acontece que esse Sapiens tem vindo a ganhar consciência e a refinar-se. Aboliu a escravatura. Toma banho. Desenvolveu a arte e a escrita. E alguns vanguardistas desse grupo tornaram-se ainda mais sensíveis e não concordam em matar os animais para se alimentarem das suas carnes.
Primeiro porque não precisam, depois porque o consideram uma falta de sensibilidade. E terceiro porque o corpo humano não foi concebido para comer as carnes, caso contrário a natureza teria dado os instrumentos para tal, como caninos adequados, sucos gástricos e intestinos compatíveis, salivar ao ver sangue por exemplo, entre outras coisas que passamos na aula do curso básico.
E sim as frutas são o alimento mais perfeito para nós.
Se o leitor considerar que Matar uma cenoura, um cogumelo ou um espinafre é o mesmo que Matar uma vaca, um cão ou um coelho...então não existem mais argumentos de reflexão.

P.S. - Que fique claro e peremptório que não queremos que os nossos alunos deixem de comer carnes!
A nossa recomendação é nesse sentido porém a nossa missão é gerar a reflexão para que cada um decida por si só.
É que acontece que como é cultural, todos fazem mas ninguém questionou ou decidiu voluntariamente.

Comentários

  1. Tenho andado a pensar no nome deste blog e parece-me , nao tenho certeza nem sei se algum dia terei, que numa balanca do intelecto a palavra de ordem e intuir em vez de discernir. O acto de intuir esta relacionado com algo que se percepciona sem ponderacao enquanto o de discernir pressupoe um equilibrio entre a razao e as emocoes, pelo menos e o que o meu discernimento me propoe.
    Maria Joao

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  2. Tenho andado a pensar sobre o nome deste blog, e parece-me, nao tenho quaisquer certezas, que numa balanca do intelecto, que e uma realidade abstracta, a palavra de ordem e intuir em vez de discernir. Discernir pressupoe um equilibrio entre o que se pensa e o que se sente enquanto intuir e uma forma rapida de percepcionar a realidade.
    Maria Joao

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    Respostas
    1. Olá Maria João :D
      Concordo consigo que a intuição é um ato relacionado com algo que se percepciona sem ponderação, sem a interferência do intelecto, via direta.
      Neste blog vou escrevendo com justificativas, com associações, para que haja uma reflexão do leitor, via intelectual.
      Por exemplo: Eu posso intuir que os carros eléctricos não são menos poluentes. E pronto, eu tenho essa informação, sem porquê!
      Se procurar informações credíveis e justificar esta informação, então estarei no âmbito do intelecto, na balança de associações da esfera mental! Daí balança do intelecto!
      Espero que tenha ficado claro ;)


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